Lilith: Deusa ou Demônio?. Por Suma Sacerdotisa Luna Marques.


A pedido de muitos, na aula de hoje vamos mergulhar em um tema polêmico e fascinante: Lilith. Figura envolta em mistérios desde a antiga Mesopotâmia até as tradições modernas, ela atravessa os séculos como símbolo de poder, medo, rebeldia e liberdade.


Contexto Histórico


Mesopotâmia (I e II milênios a.C.)

As primeiras referências a Lilith surgem em textos sumérios e acádios, onde nomes como Lilītu e Ardat-Lilî descrevem espíritos femininos noturnos ligados à sedução, tempestades, doenças e infertilidade. No mito sumério de Gilgamesh e a Árvore de Huluppu, aparece a figura Ki-sikil-lil-la-ke, um ser noturno que alguns estudiosos identificam como a semente da Lilith posterior.


Tradição Hebraica (séculos finais do I milênio a.C.)

Em Isaías 34:14, Lilith aparece como um demônio do deserto. Já na obra medieval conhecida como Alfabeto de Ben-Sira (séculos VIII a X d.C.), surge como a primeira esposa de Adão. Ao recusar-se a submeter-se, abandona o Éden e se torna mãe de demônios. A partir daí, sua figura se consolida no folclore judaico e cristão medieval como símbolo de rebeldia e ameaça.


Período Greco-romano e Medieval

Nessa fase, Lilith é fundida às lâmias e estriges, vistas como devoradoras de crianças e espíritos sedutores. Era descrita por vezes como uma mulher com cabeça de leão, que à noite roubava crianças para devorá-las e, durante o dia, roía seus ossos.


Ocultismo e Neopaganismo Moderno (séculos XIX e XX)

Reinterpretada por ocultistas, autores românticos e neopagãos, Lilith passa a ser vista como Deusa da Lua Negra, arquétipo de independência e sexualidade sagrada, símbolo da força feminina e, mais tarde, também adotada por movimentos feministas como emblema de resistência e liberdade.


Epítetos de Lilith ao Longo da História

Lilītu: Espírito noturno (Suméria/Acádia).

Ardat-Lilî: Donzela noturna (Mesopotâmia).

Bat Qēlilāh: Filha da noite (judaísmo místico).

Mãe dos Demônios: nas tradições cabalísticas, consorte de Samael.

Senhora da Noite: em tradições ocultistas modernas.

Rainha da Lua Negra: no neopaganismo.

A Primeira Mulher: nos midrashim hebraicos.


Deusa ou Demônio?

Antiguidade: Lilith aparece como espírito ou deidade noturna, ambígua, associada tanto à proteção quanto ao perigo.

Judaísmo e Cristianismo: é demonizada, associada à morte infantil e ao caos. 

Obs: Muitas mulheres grávidas faziam rituais de proteção contra a influência de Lilith, colocando amuletos ou sigilos nas portas das casas. Nesses ritos, frequentemente invocava-se Hécate, pedindo que iluminasse o caminho da criança com sua tocha, garantindo a encarnação da alma e protegendo a mãe durante o parto. Daí surge a expressão “dar à luz”, ligada ao brilho da tocha de Hécate.

Visão Contemporânea: Lilith se reergue como deusa da liberdade, sexualidade, sabedoria e poder oculto.


Por que Lilith é polêmica até hoje?


Lilith continua sendo uma figura controversa porque representa o que foi temido durante milênios:

A mulher que não se submete.

A força da noite, da lua e do inconsciente.

A face sombria e instintiva do feminino, que ao mesmo tempo assusta e liberta.


Assim, quando falamos de Lilith, não podemos reduzi-la apenas a uma deusa ou apenas a um demônio. Ela é um arquétipo muito mais antigo, presente até mesmo antes de Hesíodo, do Alcorão e da própria Bíblia.


Os primeiros registros sobre ela aparecem em tábuas cuneiformes, escritas em argila, com termos como Lilitu, Lilu e Lil. Esses registros mostram que Lilith já era conhecida como espírito noturno milhares de anos antes de ser demonizada pelo judaísmo e pelo cristianismo.


Lilith é, portanto, uma figura multifacetada: deusa para alguns, demônio para outros, arquétipo atemporal para muitos. E talvez sua verdadeira força esteja exatamente nessa ambiguidade.


Correspondências Planetárias de Lilith

Planeta: Lua Negra (ponto astrológico associado), também vinculada a Saturno (limites, sombras) e a Vênus em seu aspecto noturno/sexual.

Dia da Semana: Segunda-feira (Lua) ou Sexta-feira (Vênus/Lua Negra).

Hora Planetária: Hora da Lua (trabalho com emoções, intuição e o oculto) ou Hora de Saturno (sombras, destruição, libertação).

Cor da Vela: Preto, vermelho-escuro, violeta, vinho.

Incensos/Ervas: Mirra, olibano, jasmim, patchouli, absinto, damiana, arruda.

Pedras: Ônix, obsidiana, granada, ametista.

Elementos: Fogo e Ar (na demonolatria) / Terra e Água (na bruxaria, dependendo do aspecto de Lilith trabalhado).

Direção Ritualística: Sul (fogo, poder e sexualidade) ou Oeste (noite, mistério, inconsciente).


Na Bruxaria Tradicional / Bruxaria Moderna


Lilith é vista como Deusa da Lua Negra, da noite e da liberdade feminina.

Evocação simples:

1. Acenda uma vela preta ou vinho.

2. Ofereça incenso de mirra ou jasmim.

3. Escreva em um papel o que deseja libertar (medo, opressão, bloqueio).

4. Chame-a por um de seus epítetos:

“Lilith, Senhora da Noite e da Liberdade, eu te chamo, caminha comigo neste rito e desperta em mim a força da Sombra e da Autonomia.”

5. Queime o papel na chama da vela, visualizando a libertação.


Na Demonolatria (S. Connolly e outros autores)


Lilith é reverenciada como Rainha dos Demônios, Senhora da Sexualidade e da Noite.

Evocação simples:

1. Prepare o espaço com vela preta e vinho.

2. Trace o sigilo de Lilith (da tradição demonolatrista) em pergaminho ou papel.

3. Recite:

“Em nome do Fogo da Vontade e da Noite sem grilhões, eu evoco Lilith, Rainha da Noite, Mãe dos que caminham livres. Venha, aceita esta chama e esta oferenda, e mostra-me teus mistérios.”

4. Ofereça vinho ou frutas vermelhas, deixando-as no altar.


Na Vontade Mágica (inspirado em Crowley, Spare e ocultismo moderno)


Aqui Lilith é trabalhada como força arquetípica da Sombra, do Desejo e da Vontade Sexual.

Prática sugerida:

Escolha um sigilo pessoal que represente seu desejo.

Durante a evocação a Lilith, use técnicas de gnose (respiração, êxtase, até mesmo sexualidade ritualística).

Visualize Lilith abrindo os portais da sua psique para liberar a energia reprimida e impulsionar sua vontade.

Finalize consumindo parte da oferenda (vinho ou fruta) como integração da energia evocada.


Resumo prático para o altar

Dia: Segunda ou Sexta-feira.

Hora: Da Lua ou de Saturno.

Vela: Preta ou vinho.

Incenso: Mirra ou jasmim.

Palavras-chave de evocação: Noite, Liberdade, Desejo, Autonomia, Poder, Sombra.




LILITH 


Em uma noite, já eram altas horas da noite, evoquei Lilith. De repente surgiu uma grande cobra que media entre três a quatro metros, de espessura bem grossa e cor escura. A cobra estava flutuando, eu não sei se flutuava, ou se era o impacto pra dar os botes, e dava voltas ao redor do círculo de proteção, tentando entrar, e enquanto ainda estava na forma de cobra, durante o ritual atacou duas vezes. Logo após, se transformou numa linda mulher, com altura entre um e oitenta a dois metros. Os cabelos ruivos ondulados, mais pro escuro que passavam a cintura e iam até a bunda. A pele claríssima, como se não houvesse sangue. Olhos completamente negros e tinha um par de chifres médios na cor marrom claro, parecendo beges. Ela ao mesmo tempo que hipnotizava, se mostrava uma ameaça, eu fiquei toda arrepiada com uma verdadeira sensação de ameaça. 


Na mão dela segurava um cálice de ouro, cravejado de umas lindas pedras vermelhas, suponho que eram rubis. No braço usava um bracelete dourado em formato de cobra. E no pescoço usava um colar grande, chamativo, dourado, liso e chapado. Na cabeça usava um acessório que se parecia com a imagem que coloquei, não era igual, mas parecia. 


Quando começou a falar a voz soava como sendo cantada e como se fosse citação de poesias, uma voz firme, mas suave e sensual; hipnotizava. 


Ela estava completamente nua, com um corpo lindo e escultural, vestia apenas um pedaço de pano, que cobria metade do corpo e os seios, porém o pano era branco transparente de tecido fino e dava pra ver tudo. Esse pano parecia um cachecol de inverno, que passava em um dos ombros e vinha até a bunda. Ela meio que se enrolava nele, mas dava pra ver tudo igual. 


Depois do rito me deu ânsia de vômito e durante a noite vomitei algumas vezes, e fiquei com uma imensa dor de cabeça, depois do ritual menor do pentagrama amenizou, mas melhorei mesmo só depois de quatro limpezas que fiz. E fiquei por dias sentindo estar sendo observada. 


Ela tinha um riso sarcástico no canto da boca, só que não era um riso espalhafatoso, nada extravagante era até educada. Os risos um pouco mais altos foram poucos, duas vezes apenas durante todo o ritual. 


E, tinha um ar de superioridade e parecia satisfeita. 


Ao apresentar os pedidos em nome de outra pessoa que precisava. Lilith disse que não queria a renovação do acordo; não iria aceitar, porque essa pessoa não tinha honrado com as oferendas devidamente. E já fazia tempo que não estava mais trabalhando a favor dela.



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