Começa aqui e a Kabbalah- Aula 1 - Orientador: Fr. Átrios

A Kabbalah possui suas raízes na região caldeia, onde muitos dos escritos e relatos da teurgia e da magia começam. Com bases no Neoplatonismo e no Gnosticismo, a Kabbalah relata em seu sistema um vasto conhecimento que descreve o mito da Criação. Boa parte do que encontramos nos suportes de magia salomônica e nos Papiros Mágicos Greco-egípcios demonstram raízes em práticas magickas descritas em livros como Sêfer Raziel, Livro dos Mistérios, Sêfer Yetzirah e tantos outros que ao olhar do incauto pode causar náuseas e arrepios pela proximidade com a práxis abraamânica.

Diversas práticas de orações e técnicas de estado alterado de consciência são descritas nestes livros e, como sempre, o mago tem de querer cavar mais fundo. Ao tentar resgatar essas referências o mago pode acabar com um Oráculos Caldeus e uma Literatura de Hechalot, que podem fazer qualquer leitor do Salmo 104 se assustar. E ao verificar as técnicas de oferendas similares a umbanda e ao candomblé no Sefer Raziel, poderia fazer suar qualquer couro embaixo de um quipá.

As similaridades não acabam nisto, há também o uso de kameas para trazer estados alterados de consciência no trabalho de contemplação induzindo a profecias, como na linha de Abraham Abulafia (um grande cabalista judaico).

A Kabbalah por si não pretende evangelizar ou até mesmo dominar nada. Entre todas as práticas, a reparação de nossas ações desgostosas com aqueles que nos são próximos (próximos mesmo, quem mora, convive, come, dorme com você) é de grande importância. A prática do Tikun demonstra o auto desenvolvimento da busca interna e externa de melhora de vida. Não que ter seja uma realidade dentro do trabalho teúrgico e cabalístico. Não! A finalidade maior mesmo é encontrar a resposta que os gnósticos já responderam: De onde viemos? E tem melhor forma de responder uma pergunta como essa que a experiência viva disso? Palavras de um construto filosófico não respondem aquilo que sentimos nos momentos de Felicidade e Tristeza. O que cria essas diferenças? E por que existem diferenças? Kavaná é a resposta, pois todas essas maravilhas constroem um repositório da gota que somos. A kavaná demonstra nossas intenções diante das ações da vida.

Assim, com essas duas práticas viajamos para cima e para baixo na carruagem da Divindade, conhecendo amores e dessabores, mas também construindo uma corrente que nos remete a uma faixa de moëbius. Com a Intenção de alcançamos maassê Bereshit (o Gênesis - Criação) e, com a kavaná, o maassê Merkavah (A Carruagem – a visão de Ezequiel, por exemplo).

Bom antes de continuar com toda essa estrutura, vamos a algumas dúvidas pertinentes. O que é Kabbalah? Kabbalah tem raízes nas palavras receber, em hebraico, e tradição, para o ensinamento mais hermético. Aqui no Brasil boa parte da literatura se separa entre Kabbalah Judaica, com estudos bíblicos e orações para ter ascensão aos céus, e a Kabbalah Hermética com os mesmos fins, porém usando de imagens e instrumentos para isso. É a kabbalah Hermética que é utilizada pela maioria das Ordens Místicas, Mágickas e Secretas. E por falar em secreta... A Kabbalah possui métodos exegetas para leitura e estudo da Torá. A técnica do Pardês (Paraíso, Jardim, Pomar) é uma das mais utilizadas. O Pardês não é apenas uma técnica, mas também um livro: Pardês Rimonim (Jardim de Romãs), que retrata a seguinte técnica exegeta:

• Peshat – Simplista – Analise pura e simples. Exatamente como escrito.

• Remez – Sugestivo – Alude que há algum sentido sobre a escrita. Há uma significância sobre o que está sendo lido.

• Drash – Demandado – Método comparativo que possui um significado em relação ao que se vive. Um sentido atemporal.

• Sod – Secreto – O Sentido metafísico do que está sendo descrito. Há uma revelação ou alcance.

Exatamente no nível Sod é que se encontram a maioria das práticas que serão tratadas no decorrer do nosso curso. Cada etapa aprendida é o método de shabbath (observação e remissão) que cada um, no seu particular, deve assumir e trabalhar.

Através da Guematria iremos comparar significados e significâncias para acalmar nossa mente dualista. Através da Temurah, perceberemos como a permutação pode nos explicar as mudanças e diferenças entre os objetos concebidos. Com o Notariqon, teremos conhecimento de como nossos inicios de jornada podem determinar apenas um passo em direção a União. E é claro que teremos as Árvores das Vidas! Sim, Árvores! E pode acreditar, é interessante quando ela aparece no Sefer Yetzirah ensinando como se cria um Golem!

Peço desculpas pelos erros técnicos, porém infelizmente o vídeo ficou sem áudio, mas prometo que na sexta, dia 12, passei muito tempo testando todo o equipamento para que isso não ocorra novamente.

Luz, Amor, Vida e Liberdade! Fr. Átrios.

REFERÊNCIAS Sholem, Gerson. Cabala. São Paulo: Campos, 2021. 656 p.

Westcoot, William Wynn. Coletânea hermética. São Paulo, Madras, 2003. 348 p.

Zukerwar, Chaim david. As 3 dimensões da Kabalá: princípios gerais da sabedoria da Kabalá. São Paulo: Sêfer, 1997. 194 p.

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