Filosofia indiana e suas diferentes tradições - Mestre: Ryujin



As individualidades e particularidades de cada ser são menos controversas do que entidades sem corpo próprio. Doenças são encaradas como manifestações parasitárias que frequentemente impactam os organismos vivos. Algumas são causadas por organismos coletivos, como vermes ou bactérias, enquanto outras surgem de disfunções metabólicas em plantas ou animais. Quando uma personalidade invasora difere muito do hospedeiro, isso pode resultar em doenças físicas, já que o invasor não tem pleno controle das funções do corpo. Por outro lado, quando o espírito de um falecido se manifesta em um ser vivo, pode afetar seus comportamentos e hábitos.

🩹 Cura e doença 🦠

A saúde está diretamente ligada ao equilíbrio interno e à harmonia com o ambiente. O Tantra, por exemplo, ensina que viver com uma personalidade restrita é, de certa forma, uma doença, e a saúde verdadeira vem de uma conexão profunda com o cosmos. Práticas como Ayurveda e Yoga buscam não apenas longevidade, mas o fortalecimento da personalidade inata. O Tantra, por sua vez, almeja substituir a personalidade limitada por uma versão ilimitada e permanente. Nesse sentido, o ego é considerado uma força interna que deve controlar, sem dominar a pessoa. O ego deve ser um guia para o equilíbrio da personalidade, evitando a dominação do corpo e do organismo.

🧪 Alquimia 🧪

Através de rituais com ervas, metais, pedras preciosas e cristais, é possível acumular energia espiritual e atingir estados elevados de consciência. As ervas são usadas de forma específica para amplificar a energia e a intenção do ritual. A energia cósmica e a astrologia desempenham papéis cruciais nesses rituais, tornando essencial escolher o momento certo para cada erva. A combinação e escolha sábias das ervas são fundamentais para evitar comprometer os resultados do ritual.

Na filosofia indiana, os metais como ouro, prata e cobre, são vistos como portadores de energias especiais que, combinados com ervas, potencializam os efeitos dos rituais. Da mesma forma, pedras preciosas e cristais desempenham um papel relevante na alquimia tântrica, cada um com propriedades únicas que intensificam a intenção do ritual. Por exemplo, a ametista é conhecida por sua proteção e clareza mental, enquanto o quartzo rosa está associado ao amor e cura emocional.

Essa combinação de ervas, metais e cristais cria um ambiente energético poderoso, onde cada elemento contribui para o processo de transformação. A alquimia tântrica não busca apenas a mudança física, mas também a transmutação da consciência, permitindo ao praticante acessar estados elevados de percepção e conexão com o divino. A harmonização dessas energias é essencial para a realização plena dos rituais, ressaltando a importância do conhecimento e da intuição na escolha dos materiais utilizados.

🌱 Vida, morte e imortalidade 🦋

De acordo com a tradição, o mercúrio é considerado um metal supremo, capaz de ser animado por aplicações herbais e tratamentos com fogo. Quando "vivificado", ele é alimentado e sacrificado, liberando uma nova personalidade capaz de criar ouro e viver eternamente através de outro corpo. No entanto, o mercúrio preparado de forma inadequada não concede imortalidade, mas pode curar doenças e prolongar a vida.

A busca pela imortalidade é um objetivo desejável na crença indiana na reencarnação, onde viver todas as experiências kármicas em uma única vida é preferível a múltiplos renascimentos. Os Aghoris, adeptos tantricos que desafiam normas convencionais, praticam a saída consciente de seus corpos para entrar em cadáveres, prolongando suas existências. Eles também utilizam espíritos aprisionados para realizar trabalhos, considerando isso uma forma de Siddhi, embora arriscada. 

Os Aghoris consideram a morte como um processo natural e buscam a transcendência através de práticas que frequentemente são mal compreendidas. Para eles, essas práticas extremas são formas de se conectar com o divino, vivenciando a morte e transcendendo além da dualidade entre vida e morte. 

A saída consciente do corpo e o trabalho com os espíritos dos mortos são vistos como meios para alcançar essa conexão espiritual profunda. No entanto, é importante ressaltar os riscos e perigos envolvidos nessas práticas. Interagir com cadáveres e realizar a saída do corpo sem o devido preparo e conhecimento pode resultar em graves consequências físicas e mentais. 

A perturbação da mente, o desenvolvimento de estados de loucura e até mesmo o risco de morte durante os rituais são perigos reais que devem ser levados em consideração. Portanto, é crucial ter um treinamento adequado, respeitar as tradições e contar com o acompanhamento de mestres qualificados para garantir a segurança e eficácia dessas práticas. 

O cuidado com a saúde física e mental, a proteção espiritual e o equilíbrio emocional são fatores essenciais para evitar os perigos associados às práticas de morte dos Aghoris. Com a orientação adequada, essas práticas podem ser realizadas de forma mais segura e significativa, proporcionando ao praticante experiências profundas de transcendência e conexão espiritual. 

Os tantricos reverenciam divindades e seres etéreos, entendendo-os como personificações de forças cósmicas. O controle sobre Adya, a personificação do cosmos, é visto como o Siddhi supremo. A prática tântrica envolve mantras, yantras e tantras, onde o Mantra é a energia que movimenta o Yantra, enquanto o Tantra serve como guia espiritual. 

🕉 Mantras 🎶

Os mantras podem ser classificados em três tipos principais: mantras descritivos, que descrevem processos ou objetivos desejados; mantras inúteis, formados por sons sem significado aparente em qualquer língua humana; e mantras Bija, sílabas individuais que significam "semente", capazes de gerar frutos através da repetição e energização dos elementos externos e internos.

Além disso, existem quatro tipos de Vani, ou modos de pronúncia do Mantra: Vaikhari, fala vocal audível; Madhyama, fala nasalizada interna; Pashyanti, repetição puramente mental; e Para, fala telepática baseada na intenção. Quanto mais sutil a fala, mais profundo seu efeito no indivíduo e no ambiente. O Yantra atua como um catalisador que prepara elementos através da energia do Mantra, revelando a interconexão entre os diversos componentes na prática tântrica.


🧘Meditação e a prática do cotidiano ☕

A filosofia indiana, com sua profunda busca pela conexão entre mente, corpo e espírito, nos revela um caminho de unidade e equilíbrio através de práticas tântricas como a meditação. Ao mergulharmos nesse exemplo, compreendemos a essência do não dualismo e a importância de transcender as dualidades para alcançar a verdadeira integração.

A meditação, como ferramenta poderosa de expansão da consciência, proporciona benefícios concretos aos praticantes, como a redução do estresse, maior clareza mental e um foco aprimorado. Ao ouvirmos os relatos daqueles que experienciaram esses benefícios, somos convidados a reconhecer a importância da meditação não apenas para o bem-estar físico e emocional, mas também para a busca da transcendência espiritual e do autoconhecimento.

No cotidiano, a prática da meditação se entrelaça com a aceitação, a gratidão e o respeito às formas de vida, promovendo assim uma conexão mais profunda com o próximo e com o universo como um todo. Ao incorporarmos esses princípios em nossa jornada espiritual, podemos vivenciar a essência do amor incondicional e da compaixão, transformando nossas relações e nossa própria existência.

Dessa forma, ao integrarmos a meditação e os valores tântricos em nossa vida diária, nos abrimos para uma jornada de crescimento espiritual e de expansão da consciência, conectando-nos com a essência mais profunda de nosso ser e com a vastidão do universo que nos cerca.

A prática tântrica nos revela a profunda interconexão entre mente, corpo e espírito, destacando a importância da harmonia interna e externa para alcançar estados elevados de consciência. A utilização de ervas, metais e cristais como ferramentas para a transformação energética demonstra como a alquimia tântrica busca não apenas a cura física, mas também a transmutação da consciência. Ao honrarmos as divindades cósmicas e reconhecermos a energia que permeia o universo, descobrimos que a prática tântrica vai além do físico, visando a expansão da mente e a conexão com o divino.



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