Parvati "A Shakti primordial". - Mestre: Ryujin.
Quando falamos dessa Deusa, geralmente sempre vem duas coisas na cabeça: O primeiro é uma mulher muito importante e que teve todo um simbolismo cultural dentro do hinduísmo, já o segundo é literalmente um apagamento histórico, onde muitas pessoas esquecem ou então não sabem do básico sobre essa mulher. Sabemos que a dualidade é sempre uma qualidade de extremos. No entanto, por mais que seja confuso, vamos entender as suas diferentes funcionalidades.
A mulher considerada suprema
Sabemos que o título é bem chamativo, mas para essa história tem que ser uma coisa chamativa mesmo. Parvati se tornou considerada suprema após a morte de Sati; desde então, dos tempos antigos aos atuais, Parvati é reconhecida e reverenciada como a força suprema encarnada. Mas é claro que, para entender esse contexto, precisamos voltar um pouco no passado e contar a sua história, já já vamos falar sobre isso.
Parvati é a Deusa Hindu da beleza e amor, sendo a consorte de Shiva, o Deus da destruição. A Deusa é conhecida por sua dualidade, onde frequentemente podemos ver os dois lados da moeda, e como a relação da deusa é bem intensa com as outras faces, como Kali e Durga. Em muitas ocasiões, no caso, em praticamente todas, podemos ver que Parvati é tão poderosa que constantemente alterna entre as duas faces, podendo assumir esse controle em questão de segundos. Ela geralmente é descrita usando roupas leves e macias, alguns pequenos adornos de joias e brincos, na grande maioria das vezes é representada com flores em seu cabelo ou até mesmo uma única flor em sua mão, sempre acompanhada de um tridente. A Deusa possui uma beleza e sutileza na sua energia, mas, esconde um poder mortal em suas sombras.
História
Existem muitas histórias sobre a Deusa, mas no geral a maioria das histórias referentes a ela são, na verdade, histórias que estão interligadas a ela graças à sua capacidade de alternar entre as formas de Kali e Durga. Porém, uma das histórias mais conhecidas e que é contada até nos dias de hoje é como a deusa se tornou a "Shakti suprema", sendo uma grande história de amor, reviravolta e muita dor.
Segundo a lenda, Sati era considerada a Shakti suprema na terra, pois, diferente das outras "Shakti", Sati era a própria encarnação da deusa em sua real e verdadeira essência, não sendo apenas um avatar ou uma consciência corpórea. Pois as outras eram apenas avatares que possuíam uma pequena essência, diferente de Sati, que realmente era o que chamamos de "a própria deusa na terra". Sati amava Shiva de todo o coração, Shiva era sua outra metade, o princípio único indivisível e inseparável, ambos eram considerados a união de suas metades, que formava algo único e que jamais poderia ser separado.
No entanto, seu pai, o grande rei Daksha, odiava Shiva e sua linhagem, pois Shiva era considerado um errante, incontrolável e desrespeitoso com as normas sociais. Além disso, menosprezava e até mesmo diminuía a autoridade do Deus. Durante uma cerimônia muito importante chamada "Yagna", o rei Daksha insultou e humilhou Shiva, negando sua benção e amaldiçoando sua linhagem. (É aqui onde temos uma pausa na história para deixar uma coisa afirmada, existem duas lendas e versões, então os acontecimentos podem acabar mudando de uma para outra).
Na primeira lenda, Sati, após ouvir as humilhações e maldições lançadas contra o seu marido, e as palavras de seu pai, dizendo que não abençoava o casamento e que o matrimônio não seria bem visto por ele, deixou ela com muita raiva, e como protesto ela se jogou ao fogo, fazendo a imolação ao fogo. Shiva presenciou a cena e ficou devastado ao ver a sua amada morrendo carbonizada no fogo e não podendo fazer nada. Uma onda de vários sentimentos tomaram o seu coração, raiva, tristeza e o desejo de vingança. Shiva pegou o corpo carbonizado de Sati e rapidamente fugiu do local. A raiva do Deus foi tão grande que ele começou sua dança "Tandav", sua intensidade era tão profunda que ameaçava destruir o mundo inteiro. Os outros Deuses preocupados com o desenrolar da situação decidiram chamar Vishnu na tentativa de intervir. Ele usou o seu disco, dividindo o corpo de Sati em 22 pedaços que caíram em diferentes regiões no mundo, e começaram a ser chamados de "Shakti Peethas", tornando-se locais sagrados.
Após todos os acontecimentos, Shiva foi pessoalmente até Shakti, suplicando e implorando para que trouxesse Sati de volta. Shakti, ouvindo os pedidos de Shiva e sabendo como ele estava arrasado, decidiu realizar o seu pedido, mas Sati reencarnaria como Parvati, tornando-se a encarnação direta da Deusa. Assim, Shakti passou a viver junto com seu marido Shiva, na forma de Parvati, e assim a promessa do amor foi cumprida. Ambos voltaram aos braços de seus amados, e assim o eterno amor cósmico vive até os dias de hoje.
A importância de Parvati
Como dito nos textos acima, é literalmente a mulher mais importante de todas, sendo a reencarnação direta de Shakti e Sati. Parvati, assim como Durga, desempenha um grande papel na sociedade, não sendo somente um símbolo feminino de força, mas também sendo aquela que está contra o patriarcado atual, muito presente na atual Índia e em algumas regiões. Parvati foi uma das figuras que trouxe o poder feminino de volta, seguindo com Durga e Kali na criação de uma sociedade mais justa e igualitária, se tornando também símbolo de resistência contra a opressão e principalmente o machismo envolto da sociedade. Acredita-se que a deusa tem incentivado as mulheres na luta, dando forças e também sendo uma das fundadoras do Shaktismo, uma prática e vertente que é focada no culto às divindades femininas, louvando sua força e poder. Porém, infelizmente mesmo com toda esta visibilidade atualmente, ainda sim é possível encontrar pessoas que não conhecem absolutamente nada, deixando essa figura totalmente esquecida.
Mas você pode me perguntar: "Mas Ryujin, como assim? Se ela é uma figura tão importante, como pode ser esquecida?"
- Bem, eu respondo que o atual patriarcado da Índia não é exatamente a favor da ideia de Deusas femininas estarem no topo. Infelizmente, muitas pessoas ainda têm a ideia de que a mulher deve ser submissa e servir ao homem. Entretanto, com Parvati, Durga e Kali, a questão é mais profunda e não se trata apenas de os homens terem que governar. A grande questão é: os homens não querem aceitar a divina essência do feminino no controle simplesmente porque ela é mulher? Pode parecer absurdo, mas sim, pois o Shaktismo é um movimento que considera todas as mulheres parte de "Shakti", sendo consideradas Deusas. Pode parecer absurdo o que estou dizendo, mas infelizmente o atual patriarcado ainda existente considera as mulheres adeptas do Shaktismo como mulheres da vida, que só querem chamar atenção e as rotulam com nomes pejorativos. A minha teoria sobre os homens não aceitarem a divindade feminina no controle é porque sabem que no passado essa energia foi contida, liberando assim a fúria de Kali. Talvez seja o medo de como o Divino feminino pode ser assustador.
Formas de trabalho
Saindo um pouco do conhecimento teórico e entrando na parte da magia, Parvati é uma excelente Deusa para trabalhar com diferentes aspectos da vida, possuindo uma energia leve que pode se tornar densa dependendo da forma de trabalho, portanto é importante abordar sua forma de trabalho com certa cautela inicialmente.
- Amor e amor próprio: Sendo a Deusa do amor, é claro que não poderia faltar a capacidade de trazer um aspecto de beleza e amor próprio.
- Formas de energias sutis: Como já foi mencionado anteriormente, sua energia é sutil, sendo uma excelente escolha para aqueles que desejam trabalhar com essas formas sutis, porém é importante ter em mente que, dependendo da forma como ela é invocada, sua energia pode se tornar mais densa.
- Casamento e união: Diferente de Kamadeva, que é utilizado para atrair amores passageiros, Parvati é excelente para atrair pessoas que desejam compartilhar dos mesmos ideais, sendo útil para trabalhar a energia de casamentos, uniões, parcerias e trazendo harmonia.
- Família: Sua energia pode ser útil para trabalhar com questões familiares, ajudar a resolver problemas e brigas, e trazer maior harmonia para o ambiente, seja em situações familiares ou relacionamentos diversos.
- Fertilidade: Como uma grande mãe divina, Parvati é uma ótima escolha para quem deseja trabalhar com fertilidade, crescimento e nascimentos.
- Magia dos fluidos e magia sexual: Embora não seja uma prática muito comum nos tempos atuais, já foi considerada assim em épocas passadas. Pode ser trabalhada com cuidado adequado.
- Prosperidade: Parvati também pode trazer prosperidade e abundância em nossas vidas, pois seu elemento regente é a terra.
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