Cosmogonia Nórdica - O início dos reinos. Neófita: Nalu.
Cosmogonia Nórdica - O início dos reinos
“Völuspa”, As Profecias da Grande Vala
“No início dos tempos, o grande caos rugia.
Não havia mar, nem água, nem areia,
Nenhuma terra abaixo, nenhum céu acima,
Somente um vão profundo, em que nada existia.”
Poetic Edda
A história da criação da na mitologia nórdica segundo a tradição nórdica, é relatada no poema épico Islândes “Völuspa” que faz parte da coletânea de textos antigos Poetic Edda. Edda significa avó e é sinônimo Erda, a Mãe Terra Ancestral. “Völuspa” foi traduzido como As Profecias ou A Visão da grande Vala — ( vidente / Profetisa). Acredita-se que os poemas tenham sido escritos por uma mulher quando as pessoas temiam o fim do mundo devido a sucessão inexplicável de três tenebrosos invernos que poderiam ser o prenúncio do inverno sem fim chamado Fimbul precursor do Ragnarök (“fim dos tempos”).
A cosmogênese nórdica é permeada de beleza, mistério e drama, e centrada no perpétuo conflito entre as forças benevolentes e maléficas da Natureza, representa das pelo fogo e pelo gelo.
A era dos primeiros gigantes
No início de tudo, antes do despertar dos deuses, não existia nada exceto um abismo aparentemente infinito chamado Ginnungagap. Ginnungagap era um vazio semelhante ao caos grego, cercado ao norte por Niflheim, um mundo gélido e de escuridão, e ao sul por Muspelheim, um mundo de fogo. No meio de Nifleheim corria Hvergelmir, uma cascata de onde saíam onze rios conhecidos coletivamente como Elivagar. Conforme esses rios afastavam-se de sua fonte até as bordas do Ginnungagap, o frio de Niflheim congelou suas águas e vapores transformando-os em gelo e neve. Quando as labaredas de Muspelheim encontraram-se com os Elivagar, o calor derreteu o gelo e formou um grande gigante chamado Ymir, que se tornou o pai da raça de gigantes de gelo.
Ymir dormiu durante varias eras e enquanto ele dormia, de seu suor surgiam outros gigantes. Havia outro ser, criado mais tarde também do encontro entre gelo e fogo, a vaca Audumla, que alimentava Ymir e seus filhos com seu leite, que corria de seus úberes formando quatro rios. Um dia, Audumla estava se alimentando, lambendo o gelo salgado de uma pedra, até que em certo ponto surgiu a cabeça de um homem . Após 3 dias lambendo a pedra, surgiu o deus Buri. Buri deu origem a Bor, que casou com a giganta Bestla, a filha do gigante de gelo Boltha. Dessa união surgiram os primeiros deuses da classe dos Aesir, Wotan ( mais conhecido como Odin ) Vili e Ve.
Os 3 filhos de Bor com a giganta Bestla se juntaram ao pai para matar o grande e terrível gigante Ymir e assim dando início a criação
Assim que os gigantes tomaram conhecimento dos deuses, iniciaram uma guerra contra eles, que só terminou quando os filhos de Bor mataram a Ymir. O volume de sangue que escorreu dos ferimentos de Ymir foi tão grande que quase todos os gigantes de gelo foram afogados na torrente. Apenas os gigantes Bergelmer e sua esposa escaparam da inundação agarrando-se a um tronco de árvore, e acabaram chegando na montanha de Jotunheim, que se tornou o lar de uma nova raça de gigantes de gelo.
Odin e seus irmãos usaram o corpo de Ymir para criar Midgard. Eles colocaram o corpo de Ymir sobre o vazio (Ginnungagap) e fizeram a Terra de seu corpo e as rochas de seus ossos. Pedras e cascalho originaram-se dos dentes e ossos esmigalhados do gigante morto, e seu sangue preencheu o Ginnungagap, dando origem aos lagos e mares. A abóbada celeste foi formada de seu crânio esfacelado.
Após remexerem o cadáver do gigante, os irmãos descobriram um ninho de vermes. Odin, então, resolveu dar-lhes uma outra morada que não Midgard. Os “vermes” mais turbulentos foram chamados de anões e receberam como morada as profundesas da terra (Svartalfheim). Os demais, que pareciam ter um jeito mais nobre de se portar foram chamados de elfos e receberam as regiões amenas de Alfheim. Quatro anões chamados Nordri, Sudri, Austri e Vestri sustentam o crânio de Ymir.
Do cabelo de Ymir formou-se a flora, e de seu cérebro originaram-se as nuvens. Faíscas de Muspelheim foram colocadas no céu, e assim surgiram as estrelas. A Terra era um grande círculo rodeado pelo oceano, e os deuses haviam construído uma grande muralha a partir das sombrancelas de Ymir, que circundavam este local que eles nomearam Midgard. Uma enorme serpente chamada Jormungandr, a Serpente de Midgard, rodeia toda a extensão do círculo da Terra, devorando qualquer homem que tentasse sair de Midgard.
Completada a criação de Midgard, caminhavam, um dia, Wotan e seus irmãos sobre a terra para ver se tudo estava perfeito, quando encontraram dois grandes pedaços de troncos caídos ao solo, próximos ao oceano. Odin esteve observando-os longo tempo, até que, afinal, teve outra grande idéia.
– Irmãos, façamos de um destes troncos um homem e do outro, uma mulher! E assim se fez: ele foi chamado de Ask (Freixo) e ela, de Embla (Olmo). Odin lhes deu a vida e o alento; Vili, a inteligência e os sentimentos; e Ve, os sentidos da visão e da audição. Este foi o primeiro casal, que andou sobre a terra e originou todas as raças humanas que habitariam por sucessivas eras a Terra-Média. Depois que Midgard e os homens estavam feitos, Odin decidiu que era preciso que os deuses tivessem também uma morada exclusiva para si.
*Nesse mesmo período Odin e seus irmãos criaram reinos para cada parte de deuses o que resultou na criação dos noves mundos sustentada pela árvore Yggdrasil mais conhecida como árvore da vida *
Para os nórdicos, Yggdrasil era o centro do mundo, e, enquanto suas raízes continuarem a suportar o peso de seu prodigioso tronco e de seus ramos infinitos, o mundo estará firme e a vida será soberana, sob os auspícios de Odin, senhor dos deuses.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário!