As Quatro Revelações dadas a Suma Sacerdotisa Luna Marques no ano passado.
Primeira Revelação – O Rio Lamento
A primeira revelação veio através de uma profunda meditação com a Deusa Hécate.
Fui conduzida até um lugar sombrio, onde diante de mim corria um grande rio. Ele era chamado Rio Lamento, e a energia que emanava dele era densa, carregada de dor, tristeza e ecos de vozes antigas. Ao me aproximar, senti como se fosse sugada para dentro de suas águas, sendo puxada para baixo, para além da superfície.
No fundo do rio, encontrei uma visão aterradora: havia ali pessoas de todas as idades — homens, mulheres, crianças — e até animais. Todos estavam imersos naquele espaço, como se o peso de suas dores e lamentos os mantivesse aprisionados nas profundezas. A atmosfera era pesada e sufocante, e um desespero absoluto tomou conta de mim.
A experiência não era apenas pessoal. Eu compreendi que aquele mergulho representava o contato direto com o sofrimento coletivo, ancestral e espiritual. Era como se Hécate me conduzisse até as entranhas da sombra, mostrando o peso de dores que não pertenciam somente a mim, mas a todos aqueles que carregam a marca das perdas, dos silêncios e dos destinos interrompidos.
No silêncio daquele abismo aquático, percebi que não era uma punição, mas sim um chamado iniciático. O rio era o portal para que eu entendesse a profundidade das dores humanas e, ao mesmo tempo, aprendesse a trazer a luz da tocha de Hécate para iluminar o que jaz escondido na escuridão.
O mais impressionante foi que, cerca de três meses após essa meditação, ocorreram as enchentes no Rio Grande do Sul, exatamente na cidade onde moro. Muitas vidas foram perdidas — pessoas e animais — e as águas cobriram lares inteiros, trazendo sofrimento coletivo. Somente então compreendi, com uma dor ainda mais real, a mensagem revelada por Hécate naquele mergulho visionário: ela já havia me mostrado a sombra que se aproximava, o lamento das águas e das vidas que seriam levadas.
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Segunda Revelação – O Arcanjo e o Vento
Um dia após a catástrofe das enchentes, tive outra revelação. Olhei para o céu e, naquele instante, um vento fortíssimo começou a soprar ao fundo do meu quintal.
Não era apenas um vento comum. Ele carregava consigo uma energia densa, marcada por tristeza e dor. Eu senti como se aquela força invisível estivesse cumprindo um propósito maior: conduzir as almas que haviam partido.
Era como se o vento fosse o sopro do Arcanjo, recolhendo e elevando os espíritos desencarnados que haviam sido levados pelas águas. A sensação era de que o céu se abria em compaixão, e aquele vento era tanto lamento quanto libertação, um movimento sagrado que não permitia que aquelas vidas ficassem presas ao sofrimento.
Naquele momento, compreendi que não estava apenas presenciando a natureza, mas sim um ato espiritual profundo, um recolhimento divino em meio à tragédia. O vento que doía também era o vento que levava, o vento que transformava.
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Terceira Revelação – Leviatã
Dois dias após o desastre, mantive meu hábito de me sentar em frente à minha casa para meditar — principalmente nas noites de lua cheia, quando o silêncio e a energia se tornam mais propícios à revelação.
Naquela noite, durante a meditação, ao erguer os olhos para o céu, tive uma visão grandiosa e aterradora: uma serpente gigantesca se desenhava diante de mim. Sua presença era tão intensa que eu podia ouvir a sua respiração, profunda e constante, ecoando como se o próprio universo respirasse junto a ela.
Não havia medo, mas sim a certeza de que algo maior se manifestava ali, diante de mim. A energia era de mistério e poder, algo que ultrapassava a compreensão humana imediata.
Meses depois, em um outro momento de aprofundamento espiritual, tive a confirmação: a figura que me foi revelada naquela noite era Leviatã, a serpente primordial, guardiã das águas abissais, força antiga que se manifesta entre caos e criação.
Essa terceira visão veio como a culminância do ciclo: depois de mergulhar no Rio Lamento com Hécate, de testemunhar o vento do Arcanjo levando as almas, fui colocada diante do Leviatã, a essência do abismo, como se o próprio universo me mostrasse a profundidade das forças que se movem além do visível.
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Quarta Revelação – A Mensagem de Gabriel
A última revelação veio através da presença do Arcanjo Gabriel, mensageiro dos céus e portador da verdade.
Ele se apresentou trazendo clareza sobre a visão anterior do Leviatã. Gabriel revelou que a grande serpente primordial estava em busca das almas corrompidas e perdidas, aquelas que se tornaram impuras diante do fluxo da criação. Sua missão não era apenas de destruição, mas de recolher e conduzir aquilo que precisava retornar ao abismo.
Na mesma revelação, o Arcanjo me explicou o pentagrama satânico em sua essência. Cada ponta representa um rei infernal, e cada um deles governa simbolicamente um país do mundo. No caso do Brasil, a força que atua é a de Leviatã — o que explica por que as catástrofes que aqui ocorrem estão frequentemente ligadas às águas, sejam enchentes, tempestades ou desastres naturais.
Gabriel também deixou um ensinamento profundo:
não devemos julgar as entidades densas, nem as deidades que operam no lado obscuro da existência. Pois, para o cosmos, não há bem nem mal em essência. Essas forças trabalham para que haja um equilíbrio perfeito no universo. O que, para nós, pode parecer destruição ou caos, para eles é apenas a manutenção da ordem cósmica.
Tudo é tratado com harmonia. Cada entidade, cada deidade, cada força — seja de luz ou de sombra — cumpre seu papel na dança do equilíbrio universal.
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Encerramento
Essas quatro revelações formaram um ciclo completo de compreensão espiritual: o mergulho no sofrimento coletivo, a condução das almas, a manifestação do poder primordial e, por fim, o ensinamento cósmico sobre o equilíbrio entre luz e sombra.
Contudo, não se encerrou aí. Após essas visões, outras revelações vieram — imagens de guerras, de novas pandemias que poderiam surgir, de doenças que já aconteceram e de tragédias ainda por vir. Todas elas chegaram como ecos de um futuro possível, advertências que devem ser registradas e refletidas com cautela.
Mas esses mistérios permanecem guardados por enquanto. Eles serão compartilhados em um próximo relato, no tempo certo, quando a palavra e o entendimento estiverem maduros para serem revelados.


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