O perigo do fanatismo. Por neófito Luiz Roberto.

 

O luciferianismo propõe uma busca pela luz interior, pela liberdade e pela soberania espiritual. Seu caminho é o da rebeldia consciente e da autotransformação, baseado na integração entre luz e sombra. No entanto, como qualquer filosofia ou prática espiritual, ele não está imune ao risco do fanatismo e a distorção de uma busca de liberdade em um aprisionamento psicológico.

O fanatismo nasce quando a rebeldia consciente deixa de ser um instrumento de crescimento e se torna uma obsessão cega.

O praticante pode transformar Lúcifer, ou os daemons, em ídolos rígidos, repetindo exatamente aquilo contra o que o espírito luciferiano se levanta: dogmas e servidão.

Em vez de cultivar a liberdade, cai-se em uma nova forma de prisão, onde tudo é interpretado pela lente de um extremismo espiritual.

Esse excesso gera arrogância, isolamento e a perda da clareza crítica; Pontos que contradizem diretamente os princípios luciferianos de autodomínio e evolução.

O perigo maior está em acreditar que apenas “um caminho” ou “uma visão” é a verdade absoluta. Isso:

Bloqueia o aprendizado contínuo;

Transforma o praticante em refém de suas próprias crenças;

Faz com que ele repita exatamente o que critica nas religiões dogmáticas tradicionais.

Ou seja: o fanático luciferiano, sem perceber, vira a caricatura daquilo que jurava transcender.

O equilíbrio é central na prática luciferiana, pois envolve a integração entre luz e sombra.

O praticante consciente entende que não é possível viver apenas na “luz” nem apenas nas “trevas”.

O poder surge justamente da dança entre os opostos: razão e instinto, espiritualidade e matéria, disciplina e prazer.

O equilíbrio evita os extremos; tanto da repressão moralista quanto da libertinagem destrutiva.

Esse ponto ressoa com Carl Jung, quando afirma:

> “Não se torna iluminado ao imaginar figuras de luz, mas ao tornar a escuridão consciente.”

A verdadeira soberania luciferiana não está em negar um lado, mas em dominar em  ambos .

Para manter o equilíbrio, o praticante deve cultivar:

Autocrítica constante, questionar se está evoluindo ou apenas repetindo um dogma em nova roupagem.

Disciplina interior,  liberdade sem responsabilidade se transforma em caos.

Busca de sabedoria, aprender com múltiplas fontes, sem se fechar em uma verdade única.

Michael W. Ford resume isso ao afirmar que:

> “O luciferianismo é o caminho da auto-libertação espiritual e da iniciação mágica, onde apenas o indivíduo pode confiar em sua própria vontade auto-determinada.”

O fanatismo é o maior inimigo do espírito luciferiano, pois transforma a rebeldia em prisão e a liberdade em arrogância. O equilíbrio, por outro lado, é a chave da soberania espiritual: permite integrar luz e sombra, liberdade e responsabilidade, instinto e razão.

No fim, o caminho luciferiano não é sobre servir cegamente a Lúcifer ou a qualquer entidade, mas sobre tornar-se Lúcifer de si mesm. " o portador da própria luz, senhor de suas escolhas e construtor do próprio destino".

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