As entidades não nativas do culto Umbandista. - Neófita: Aurora Soll.

Aula de hoje: As entidades não nativas do culto Umbandista

Grupo: Magia Afro-Brasileira 

Horário:  22:00 

Ministrante: Aurora Soll


Na aula de hoje falaremos um pouco mais da Egrégora original de Umbanda, sobre as entidades que originalmente não fazem parte dela e como passaram a ser.


Na egrégora original de Umbanda é representada da seguinte maneira:


🔺 - Tríade Superior

🟥 - Quadrante Intermediário

🔻 - Tríade Inferior


A tríade superior representando Caboclos, Pretos Velhos e Erês enquanto a tríade inferior representa Exus, Pombogiras e Malandros.


Já o quadrante intermediario é composto por entidades AGREGADAS que tradicionalmente já tinham um rito próprio antes da umbanda, mas que passaram a fazer parte dela, adquirindo seus ritos nela também.


CABOCLOS E BOIADEIROS - TAMBOR DE MINA


Tambor de mina é uma religião afro-brasileira, trazida por negros escravizados e originado em Gana na cidade de São Jorge de Elmina


Elmina era uma cidade que continha muito ouro e riquezas como minérios e isso somado a quantidade de população que a cidade tinha, fez com que Portugal também domina-se grande parte do ambiente, escravizando os negros e roubando as riquezas


Na região existiam dos grupos negros, o povo Jêjê e o povo Nagô, o que deu origem nas duas nações:


Tambor de Mina Jêjê

Tambor de Mina Nagô


No Tambor de Mina se vê Caboclos, Boiadeiros e Baianos assim como Voduns (caso seja Tambor de Mina Jêjê) ou Orixás (se for Tambor de Mina Nagô)


Esses caboclos e boiadeiros podem ser apresentar de formas completamente diferentes dos que vemos na Umbanda, pois os que vemos são espíritos de indígenas Brasileiros e apenas isso. 


Já no Tambor de Mina existem indígenas nativos também de outros países como por exemplo a Turquia. Esses espíritos europeus são chamados de Gentis, espiritos de povos de realeza e hierarquia quando vivos, como um rei por exemplo, então assim como existe um Caboclo indígena nativo, no tambor de mina existe também os Caboclos turcos, que como dito acima, são chamados de gentis


É interessante a divisão de grupos que é feita:


•Povo Português

•Povo Turco

•Povo Brasileiro

•Povo Daomé

•Povo Nigeriano


Portugal e Turquia tiveram muita influência sobre Gana e também aqui no Brasil, embora agora bem mais reduzido, a Turquia também se manteve ao lado de Portugal na escravidão de negros. Com isso, esses dois países tem muita história com o nascimento da religião e também são cultuados dentro do barracão. 


Cada povo é separado por gira, se hoje é povo turco, toca-se e se incorpora apenas povos turcos, o mesmo com o Brasil por exemplo, em dias focados no Brasil, podemos ver os caboclos que mais estamos acostumados e temos conhecimento sobre, que são os indígenas brasileiros


O Povo Daomé é quando trabalha-se com Voduns (Caso a casa seja de Jêjê) e Povo Nigeriano é quando a casa trabalha com Orixás (Caso ela seja de Nagô) O Tambor de Mina é datado desde o Século 19 (1801 - 1900) antes de oficializarem a Umbanda como religião legal na constituição em 1908 no nome de Zélio de Moraes


ENCANTADOS E MARUJOS - ENCANTARIA


Os primeiros registros da Encantaria são datados bem antes do período da colonização mas tem como sua base a "descoberta" do Brasil (que nós sabemos que não tem como descobrir uma nova terra já habitada e povoada) já que o rito tradicional era repassado de geração em geração de forma oral sem registros físicos, e quando os brancos europeus chegaram, passaram a anotar e registrar tudo. 


A encantaria tem um foco muito forte nos indígenas, principalmente do norte do Amazonas onde deu-se origem a este rito que já cultuavam os Encantados e os Caboclos D'água.


Devido a migração dos estrangeiros italianos, austríacos, espanhóis, portugueses e turcos, houve a miscigenação, surgindo os primeiros Marujos, muitos morreram na migração de lá para o Brasil e muitos também morreram após conhecer a encantaria, na volta para a casa.


Os encantados passaram a também ter grande força e presença no Tambor de Mina, com a existência por exemplo das Turcas Encantadas.


BAIANOS E MALANDROS - CATIMBÓ


O Catimbó é popular no Nordeste brasileiro, surgida entre o século XVII e XIX (1401 - 1900) mesclando elementos de:


•Pajelança indígena (principalmente as Tupi e Tapuia).


•Cristianismo popular (santos, rezas, uso de velas e imagens).


•Influências africanas (principalmente Exu e entidades de cura).


O catimbó tem como base de seu culto as ervas e as rezas, quase sempre no intúito de cura física, mental e espiritual e também de proteção e por isso é conhecido como "Ciência do Catimbó"


Os baianos marcavam forte presença no Catimbó, chamados Mestres Catimbozeiros e junto deles vinha Zé Pilintra, tradicionalmente um desses Mestres do Catimbó, conhecedor das ervas, das curas e dos encantamentos. Passou a ser visto também na umbanda como patrono não só dos baianos mas agora também dos malandros, adquirindo também falange própria na esquerda representando também a Boemia, Malandragem e a Lapa


MESTRES E MESTRAS DE JUREMA - JUREMA SAGRADA


A Jurema Sagrada é um rito com origem indígena nordestina, que tambem mescla elementos do catolicismo, dessa vez com elementos do espiritismo e das tradições africanas. Sua base tem como centro a árvore sagrada Mimosa Hostilis, mais conhecido como Árvore da Jurema, que simboliza a ligação entre o mundo espiritual e o mundo material.


Em seus rituais é comum o uso da bebida jurema que é feito com a casca da raiz da planta, famosa por abrir os caminhos, faz o médium entrar em estado de transe e melhorar a incorporação


Os Mestres e Mestras de Jurema ainda que com menor frequência, também podem serem vistos em terreiros de umbanda, sendo espíritos de antigos sábios, rezadores, curadores e encantados, existindo por exemplo Caboclos Juremeiros ou Encantados Juremeiros ligados ás matas e as águas, sempre com um saber ancião da medicina natural herbária.


Hoje, esses espíritos ocupam seu espaço dentro da Umbanda, sendo aceitos dentro de tal rito, e assim adquirindo os seus próprios que com o tempo foi se tornando cada vez mais sólido. É muito dificil de imaginar uma Umbanda sem Marujo, sem Baiano, sem Zé Pilintra, sem Boiadeiro, trás uma sensação de algo faltando, algo raso e superficial, por mais que não seja


O fato deles não serem tradicionalmente do culto original da Umbanda também faz com que alguns deles fiquem cruzando linhas entre esquerda e direita, Zé Pilintra pode ser visto tanto numa gira de esquerda com os malandros, como numa gira de direita com os baianos. Mestres de Jurema podem apresentar-se nas giras como Exu/Pombogira ou até mesmo como os próprios mestres


Assim percebemos como os mesmos espíritos podem se apresentar de modos tão distintos dentro de culto diferentes, assim como a presença de entidades tão diferentes que não possuem ferramentas para nossos cultos.

 

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