🔱 Shaktismo 🔱 - Mestre: Ryujin.

O Shaktismo é uma filosofia e vertente do hinduísmo que tem como princípio fundamental a adoração de shakti, a energia feminina divina, e suas diversas formas. Acredita-se que shakti seja a fonte primordial de energia do universo, sendo venerada como a grande mãe do cosmos e a criadora de todas as coisas.

Esta corrente religiosa surgiu por volta do século 1 a.C. e teve suas raízes estabelecidas na região do sul da Índia. Desde então, o Shaktismo cresceu e se desenvolveu, trazendo uma nova perspectiva para a sociedade hindu. Neste culto, a mulher é vista como um símbolo de poder, comando e fertilidade, desafiando as estruturas patriarcais tradicionais.

Com o crescimento do Shaktismo, houve uma maior valorização e empoderamento das mulheres na sociedade, o que foi fundamental para contrabalançar os movimentos discriminatórios e opressivos que estavam ocorrendo no país naquela época. Assim, o Shaktismo se tornou não apenas uma corrente filosófica e religiosa, mas também um movimento de resistência e empoderamento feminino.

🧘🪔 Práticas e crenças 🧘🪔

As práticas e crenças do Shaktismo está a compreensão da Deusa como a personificação suprema desta energia, refletida em suas várias formas divinas. Uma das práticas distintas do Shaktismo é o tantra, um caminho espiritual que envolve rituais complexos e meditação para alcançar a iluminação.

Na jornada espiritual do tantra, a Deusa Kali desempenha um papel central, guiando os praticantes em uma profunda exploração de si mesmos. Por meio do confronto corajoso e da aceitação de suas próprias dualidades - luz e sombra, bem como virtudes e imperfeições - os devotos são levados a uma compreensão mais profunda da natureza não dualista da realidade.

Assim, o Shaktismo oferece não apenas um caminho espiritual, mas também uma filosofia de vida que ressalta a interconexão de todos os aspectos do ser e busca a realização espiritual por meio do equilíbrio e integração de todas as dualidades. Esta tradição milenar continua a inspirar e impactar a vida dos seus seguidores, promovendo um profundo conhecimento de si mesmos e do mundo ao seu redor.

O tantra reconhece a dualidade, porém entende que a dualidade é uma ilusão do véu da Deusa e segue o caminho da unidade, onde ambos aspectos deixam de ser dual e se tornam apenas uma unidade do ser.

🔱📚 Mahavidyas 📚🔱

As Mahavidyas são manifestações de Shakti, cada uma representando um aspecto específico da energia divina feminina. Entre elas, incluem-se deidades como Kali, Dhumavati, Chinnamasta, Bhairavi, Tripura Sundari, Tara, Matangi, Bagalamukhi e Kamala. Embora cada uma tenha seus atributos e simbologia únicos, juntas formam a totalidade da Shakti de forma multifacetada.

Essas deusas são consideradas como portadoras de sabedoria ancestral, cada uma com um ensinamento e qualidade distintos. Apesar de suas diferenças, as Mahavidyas são expressões da mesma consciência divina, manifestando-se em variados aspectos. Assim, são parte de uma energia primordial que permeia o universo, simbolizando a diversidade e complexidade da existência de maneira interligada e harmoniosa.

Ao serem vistas de modo integrado, as Mahavidyas representam uma unidade divina com múltiplas manifestações. Apesar das características próprias de cada deusa. Essa abordagem não dual das Mahavidyas reconhece que, apesar das aparências diversas, todas elas compartilham a mesma fonte de energia e sabedoria transcendental. Ao contemplar e reverenciar cada Mahavidya individualmente, somos convidados a perceber a unidade subjacente que as conecta e permeia.

Compreender a natureza não dual das Mahavidyas nos ensina que, apesar das múltiplas manifestações da energia divina feminina, todos esses aspectos são, em última análise, expressões de uma realidade transcendental e unificadora. Integrar essa perspectiva não dual em nossa prática espiritual nos convida a reconhecer a interconexão e harmonia intrínseca que permeiam o universo e todas as formas de vida.

🍷🪓 Bali// rituais com sangue 🍷🪓

Mesmo sendo um tema controverso, em muitas religiões onde o Shaktismo predomina, existem os rituais com sangue, onde animais podem ser sacrificado e oferecidos para Deusa, no entanto, os sacrifícios também podem ser realizados pelos devotos, como a prática do auto sacrifício, onde o devoto se corta e oferece o próprio sangue para deusa beber, sendo um ato coragem e devoção, as práticas de cortes e sacrifícios estão mais ligadas com kali e suas faces. Vale lembrar as práticas de cortes não são recomendas e a Deusa pode ser honrada de outras formas.

📿🤛 Vamachara📿🤛

Vamachara ou caminho da mão esquerda segue uma abordagem menos convencional, envolvendo práticas ritualísticas que desafia o que é "correto" pela sociedade e na quebra de tabus sociais, onde os devotos utilizam práticas que são consideradas erradas ou mal vistas pela sociedade a fim de alcançar iluminação e transcendência.

☯️ Caminho das Mahavidyas ☯️

O caminho das Mahavidyas segue uma abordagem não dual, onde as deusas se manifestam em dualidades para causar confusão e criar um véu de ilusão chamado dualidade. Essa dualidade é necessária para os seres humanos compreenderem que na realidade não há dualidade, mas sim uma unidade na qual luz e trevas (bem e mal) são conceitos relativos e não podem ser explicados de maneira simples. A luz depende das trevas, assim como as trevas são necessárias para proteger a luz. Mesmo seguindo o caminho não dual, essa dualidade é vista como essencial para o funcionamento do universo. Kali é a Deusa responsável pela dualidade do mundo, criando ilusões, gerando separações de conceitos e moldando realidades ou transformando o mundo. Kali é a responsável por fazer com que os seres humanos esqueçam a unidade para que a dualidade se manifeste, tornando o universo uma mistura de luz e trevas. No entanto, Kali criou a dualidade para eliminar a falsa natureza dos seres humanos e transformá-los em seres que vivenciam a sua verdadeira essência, sem limitações.

🕉️ 🦚 HARI HAR x SHAKTISMO ࿗ 🔱

Os seguidores do movimento Hari Har, que consideram Vishnu e Shiva como um só, muitas vezes não têm uma boa relação com o Shaktismo devido às diferenças conceituais e filosóficas entre as duas tradições. Enquanto o Hari Har enfatiza a união e a identidade de Vishnu e Shiva como a suprema realidade cósmica, o Shaktismo centra sua devoção na figura da Deusa Mãe, concebendo-a como a fonte primordial de todo o universo e adotando práticas rituais e filosofias específicas para cultuar o poder feminino divino.

Essa diferença de enfoque pode levar a atritos entre seguidores das duas tradições, especialmente quando há disputas sobre qual concepção de divindade é considerada a mais elevada ou a mais correta. Além disso, o Shaktismo, em sua adoração à sacralidade feminina, muitas vezes desafia as tradições patriarcais e hierárquicas presentes em certos segmentos do Hinduísmo, o que pode gerar conflitos e discordâncias com aqueles que têm visões mais tradicionais e conservadoras.

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