O conceito de luz e escuridão no luciferianismo - Iniciados do Covil: Akane


 

A verdadeira escuridão malévola é aquela da fé que não pode ver, da fé cega nas (pseudo) religiões da falsa luz que buscam enganar, conspirar e escravizar as massas. A verdadeira Luz (luciférica) é aquela que brilha na consciência desenvolvida por esforço próprio na verdadeira iniciação (interior).

ADRIANO C. MONTEIRO


O conceito de luz e escuridão no luciferianismo não segue a lógica maniqueísta tradicional de "bem contra o mal". Em vez disso, esses elementos são vistos como forças complementares e necessárias para o autodesenvolvimento e a ascensão espiritual.

Luz no Luciferianismo

A luz simboliza o conhecimento, a consciência, a sabedoria e a iluminação. Assim como Lúcifer é identificado como o "Portador da Luz" (do latim "lux ferre"), o caminho luciferiano valoriza a busca pelo conhecimento e pela verdade, mesmo que isso signifique confrontar dogmas ou desafiar autoridades. A luz representa:

Consciência: O despertar da mente, o autoconhecimento e a compreensão da própria essência.

Iluminação: O processo de superar a ignorância e alcançar uma visão clara da realidade.

Transformação: Assim como o fogo purifica o metal, a luz simboliza o processo de transformação pessoal e a jornada rumo ao "eu superior".

Escuridão no Luciferianismo

A escuridão não é vista como algo puramente negativo. Ao contrário, ela simboliza o inconsciente, o desconhecido e as partes ocultas da psique que precisam ser enfrentadas. A escuridão é o "caos primordial" de onde nasce a ordem. No caminho luciferiano, a escuridão é uma aliada no processo de autossuperação.

Sombra e Subconsciente: A escuridão representa os medos, os traumas e os instintos primitivos que precisam ser reconhecidos e dominados.

Mistério e Poder Oculto: O oculto está nas sombras, e a escuridão simboliza o domínio do ocultismo e do poder invisível.

Potencial Criador: No caos (escuridão), há um campo fértil de possibilidades. Da escuridão, nasce a luz.

 A União de Luz e Escuridão

No luciferianismo, a luz e a escuridão não se opõem, mas se complementam. Essa união é simbolizada por Lúcifer, que carrega ambos os aspectos em si.

Equilíbrio: O verdadeiro luciferiano busca o equilíbrio entre a luz (consciência) e a escuridão (inconsciente). Não rejeita nenhuma delas, mas usa ambas para alcançar o autodomínio.

Iniciação: O processo de iniciação luciferiana muitas vezes envolve "mergulhar na escuridão" para, depois, emergir na luz do conhecimento e da sabedoria.

O Caminho do Dragão: Alguns ramos do luciferianismo associam a jornada de integração da luz e da escuridão ao arquétipo do dragão, uma entidade que simboliza poder, sabedoria e domínio sobre os elementos primordiais.

A luz e a escuridão, no luciferianismo, representam o ciclo de morte e renascimento, ignorância e sabedoria, medo e coragem. O praticante luciferiano não rejeita a escuridão, mas a encara de frente, pois sabe que a verdadeira iluminação só é possível ao explorar o desconhecido. Nesse contexto, Lúcifer não é visto como o "inimigo de Deus", mas como o arquétipo do buscador de conhecimento e portador da chama que ilumina o caminho na escuridão.


No luciferianismo, a escuridão não é vista como um símbolo do mal, mas como uma força primordial, criadora e transformadora. Diferente das tradições religiosas dualistas (como o cristianismo), onde escuridão e luz são opostos morais, o luciferianismo as vê como forças complementares que coexistem e são essenciais para o desenvolvimento espiritual e psicológico.


O Significado Simbólico da Escuridão

A escuridão no luciferianismo possui várias camadas de significado, tanto no campo espiritual quanto no psicológico:

O Desconhecido e o Oculto: A escuridão simboliza o oculto, aquilo que está além da percepção comum. Nela estão os mistérios que ainda não foram revelados, mas que o praticante pode explorar.

O Inconsciente e a Sombra: Carl Jung, ao falar sobre a "sombra" no inconsciente humano, descreveu como todos possuem partes reprimidas de si mesmos. No luciferianismo, a escuridão simboliza essa parte oculta da psique. Enfrentar a escuridão é, portanto, confrontar os próprios medos, instintos e impulsos reprimidos.

O Caos Criador: No começo de tudo, segundo muitas tradições esotéricas, havia o caos — um estado de escuridão primordial. O luciferianismo vê a escuridão como o "útero cósmico" de onde todas as coisas emergem. O caos (escuridão) é fértil e cheio de potencial criativo.


A Função da Escuridão no Processo de Autoconhecimento

Para o luciferiano, a escuridão é um elemento essencial na jornada de autoconhecimento e transformação. Diferente de religiões que sugerem "fugir das trevas", o luciferianismo incentiva o praticante a mergulhar na escuridão e, de lá, emergir com mais força e sabedoria.

Descer ao Submundo (Katábasis): Assim como o herói das mitologias antigas descia ao submundo para enfrentar monstros e retornar vitorioso, o luciferiano confronta seu "inferno interior" para dominar seus medos, instintos e fraquezas.

Enfrentar a Sombra: Inspirado nos conceitos junguianos, o processo de trabalhar com a escuridão significa integrar a "sombra" (tudo aquilo que negamos ou reprimimos) à consciência. Sem isso, o ser humano permanece dividido e enfraquecido.

Destruição para a Renovação: Muitas vezes, o confronto com a escuridão leva à destruição de velhas crenças, medos e paradigmas limitantes. Essa destruição é necessária para abrir espaço para uma nova perspectiva de vida.


A Escuridão e o Poder no Luciferianismo

A escuridão não é só um espaço de introspecção, mas também uma fonte de poder. Aquele que domina a escuridão se torna alguém capaz de influenciar o mundo ao seu redor.

Domínio dos Medos: Ao confrontar a escuridão, o luciferiano se liberta do medo. Isso o torna mais forte diante dos desafios do mundo.

Magia e Forças Ocultas: No campo mágico, a escuridão é o reino do "invisível". Espíritos, demônios e forças sobrenaturais habitam a escuridão. Para o luciferiano, invocar e manipular essas forças exige coragem e conhecimento.

O Poder do Silêncio: Na escuridão, tudo é silêncio e mistério. O praticante luciferiano aprende a ouvir o que está oculto e a usar a introspecção para obter poder pessoal.


 A Perspectiva Filosófica: Luz e Escuridão Como Unidade

Ao contrário de doutrinas religiosas tradicionais, que veem a escuridão como o oposto da luz, o luciferianismo defende a ideia de que luz e escuridão são partes do mesmo todo.

Dualidade Complementar: A luz só existe porque há escuridão. Sem o desconhecido, não há necessidade de buscar o conhecimento. Assim, para alcançar a iluminação, é preciso primeiro passar pela escuridão.

O Mito de Lúcifer: Lúcifer (o Portador da Luz) é um símbolo que transita entre a escuridão e a luz. Ele cai do céu para as trevas, mas, ao fazer isso, se torna o portador de uma luz maior. Isso simboliza a jornada do praticante que mergulha na escuridão (inconsciente) para trazer de lá a verdadeira sabedoria.


 Práticas de Trabalho com a Escuridão

Algumas práticas e rituais do luciferianismo envolvem o enfrentamento direto da escuridão, seja de forma simbólica, ritualística ou psicológica:

Meditação na Escuridão: O praticante se coloca em um ambiente completamente escuro para se isolar dos estímulos externos. Isso facilita o confronto com seus próprios pensamentos, medos e impulsos.

Rituais de Katábasis: Rituais de "descida ao submundo" são simbolicamente praticados para acessar o inconsciente profundo. Esses rituais podem envolver visualizações, uso de velas negras, símbolos de portais e a invocação de entidades ligadas ao mundo inferior.

Exploração dos Sonhos e Pesadelos: Muitos luciferianos praticam técnicas de sonhos lúcidos ou trabalham com a interpretação de pesadelos. O objetivo é confrontar imagens que emergem do inconsciente e buscar o significado profundo delas.

Magia das Sombras: Aqui, a escuridão é usada para atrair, manipular ou banir energias. Os praticantes podem realizar feitiços de introspecção, proteção e ocultamento.

 

O Luciférico Que Habita a Escuridão

Para o luciferiano, a escuridão não é "o mal", mas uma força vital, o útero onde tudo é gerado. É no vazio escuro do inconsciente que o ser humano encontra suas maiores verdades. Lúcifer, como símbolo arquetípico, ensina a aceitar a escuridão, mergulhar nela e emergir com a luz do autoconhecimento.

Assim, o conceito de escuridão no luciferianismo não é algo a ser temido, mas algo a ser explorado. Quanto mais o praticante aceita essa jornada, mais forte ele se torna. Como diz a máxima esotérica: "Para alcançar a luz, é preciso primeiro atravessar a escuridão."


A Submersão no Deus Interior no Luciferianismo

No luciferianismo, o conceito de submersão no próprio Deus interior é um princípio fundamental que se opõe à submissão a um "Deus exterior" ou a qualquer autoridade externa. Essa perspectiva está alinhada com o caminho da Via Draconiana, uma senda de autodescoberta, autossuperação e autonomia espiritual.

Enquanto o "povo da luz" (muitas vezes associado a tradições religiosas abraâmicas) se submete a um deus transcendente, o luciferiano se volta para dentro de si para encontrar e manifestar sua própria divindade. Essa prática é frequentemente chamada de apoteose (o processo de se tornar um deus) ou autodivinização.


Submersão no Deus Interior

No luciferianismo e na Via Draconiana, o praticante busca a divindade dentro de si. Isso implica uma jornada de autoconhecimento e domínio dos próprios medos, desejos e fraquezas. O termo "submersão" simboliza o mergulho profundo na própria essência, uma descida ao inconsciente, onde o poder latente do "Deus interior" pode ser descoberto e trazido à consciência.

O Deus Interior: No luciferianismo, o "Deus interior" não é uma entidade externa, mas o potencial divino que existe no próprio adepto. Cada ser humano possui a capacidade de se tornar seu próprio "deus criador", alguém que exerce domínio sobre sua vida, suas emoções e sua realidade.

A Submersão (Katábasis): Submergir significa entrar em contato com o inconsciente profundo, o "abismo interior", onde estão as partes mais ocultas e reprimidas da psique (a Sombra, segundo Carl Jung). Diferente de buscar a salvação em um "Deus exterior", o luciferiano mergulha na escuridão do próprio ser.

Despertar da Essência: Durante a submersão, o praticante confronta suas fraquezas, seus medos e suas sombras, mas também descobre suas potencialidades adormecidas. Esse processo é análogo ao "renascimento alquímico", onde o chumbo (o eu inferior) é transmutado em ouro (o eu divino).

Metáfora do Dragão: Na Via Draconiana, o dragão simboliza a essência primordial do ser. Mergulhar nas profundezas do "abismo interior" é como enfrentar o dragão, que inicialmente pode parecer um inimigo, mas depois se revela uma parte do próprio ser que precisa ser compreendida e integrada.


Submissão a um Deus Exterior

Por outro lado, o "povo da luz" (geralmente associado a religiões dogmáticas) acredita em uma divindade externa e transcendente, à qual deve se submeter. Nesse sistema, o praticante não busca a divindade dentro de si, mas fora de si, geralmente por meio de intermediários (profetas, sacerdotes, líderes religiosos, etc.).

Deus Transcendente: No cristianismo, islamismo e outras religiões abraâmicas, Deus é uma entidade externa, suprema e separada dos seres humanos. Para se conectar com Ele, o crente precisa de intermediários, como sacerdotes, anjos ou profetas.

Obediência e Submissão: No modelo de submissão, a pessoa não tem poder próprio e é dependente da vontade de Deus. Sua salvação, felicidade ou sucesso está nas mãos de uma força superior e externa. Isso contrasta completamente com o luciferianismo, que prega a autonomia espiritual.

Intermediários: Diferente da submersão, onde o magista se torna o "intermediário de si mesmo", no sistema de submissão, a pessoa entrega o controle de sua vida a terceiros. Profetas, sacerdotes e líderes religiosos assumem o papel de "ponte" entre o crente e Deus, controlando dogmas, normas e comportamentos.


Diferença Fundamental: Autonomia x Dependência

A principal diferença entre a submersão do magista da Via Draconiana e a submissão 



Essa diferença está no cerne da visão luciferiana de autonomia espiritual. O adepto luciferiano é responsável por sua própria ascensão e pela criação de seu destino, enquanto o praticante de religiões de submissão acredita que sua vida está nas mãos de um poder superior.


O Caminho Iniciático do Luciferiano


O processo de submersão no Deus interior é frequentemente associado à Via da Mão Esquerda (Left-Hand Path), um caminho de autossuperação que envolve a aceitação e integração de todos os aspectos do "eu", incluindo seus impulsos sombrios.

A Jornada do Herói: Assim como os mitos de descida ao submundo (katábasis) de Hércules, Orfeu e Inanna, o adepto luciferiano desce ao "mundo inferior" (seu inconsciente) para resgatar algo de valor. O objetivo não é escapar da escuridão, mas confrontá-la, compreendê-la e emergir mais forte.

A Noite Escura da Alma: No caminho luciferiano, esse conceito se manifesta como uma fase de crise existencial e transformação. Nessa "noite escura", o praticante enfrenta seus maiores medos e seus aspectos mais sombrios. Ao sair desse processo, ele se aproxima de sua divindade interior.

A Integração da Sombra: Inspirado pelas ideias de Carl Jung, o processo de submersão implica integrar a Sombra, ou seja, aceitar os aspectos reprimidos do inconsciente. Isso dá ao praticante acesso a um poder latente que antes estava "oculto" dentro dele.


Lúcifer como Símbolo de Autodivinização

No luciferianismo, Lúcifer não é uma figura "diabólica", mas um arquétipo do portador da luz (conhecimento). Ele simboliza o indivíduo que recusa a submissão e escolhe a liberdade e a autonomia espiritual.

Queda de Lúcifer: Sua queda do céu simboliza a "descida ao abismo" ou a submersão no inconsciente. Mas, ao invés de ser uma punição, a queda é uma jornada de libertação. Ele cai para se elevar novamente, agora com plena consciência de seu poder.

Portador da Luz: Depois da submersão na escuridão, Lúcifer traz consigo a "luz do conhecimento". Isso reflete a jornada do praticante luciferiano, que, após enfrentar o caos de sua própria alma, retorna com sabedoria e poder.


Submersão x Submissão

O luciferianismo, especialmente quando associado à Via Draconiana, rejeita completamente a noção de submissão a deuses externos ou autoridades espirituais. Em vez disso, o adepto mergulha no abismo de seu próprio ser, enfrenta sua sombra e emerge mais forte.

Enquanto o "povo da luz" busca salvação fora de si, o luciferiano busca a apoteose dentro de si. Ele se torna o criador de seu destino e o mestre de sua realidade. A submersão não é uma "queda", mas um renascimento, onde o antigo "eu" morre e um novo "Deus interior" nasce.

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