Lúcifer, Satanás e o Oculto: Conceitos e contrastes - Iniciados do Covil: Akane

 



O satanismo, o luciferianismo e o ocultismo são conceitos frequentemente confundidos, mas possuem diferenças fundamentais em suas crenças, filosofias e práticas. Embora compartilhem alguns elementos simbólicos e esotéricos, cada um tem uma abordagem distinta.

A Origem do Satanismo

A origem do satanismo pode ser rastreada até a Idade Média, quando a figura de Satanás foi demonizada pelas religiões abraâmicas como a personificação do mal. No entanto, o conceito moderno de satanismo começou a se desenvolver a partir do Iluminismo, com filósofos questionando dogmas religiosos e exaltando o racionalismo e o individualismo.
No século XIX, escritores românticos e ocultistas começaram a ressignificar a figura de Satanás como um símbolo de rebeldia e libertação. Esse movimento ganhou força com organizações esotéricas e autores como Eliphas Lévi e Aleister Crowley, que influenciaram a visão moderna do satanismo.
No século XX, Anton LaVey fundou a Igreja de Satã em 1966, consolidando o satanismo LaVeyano como uma filosofia de vida baseada no individualismo, no hedonismo e na rejeição das normas religiosas tradicionais. Além disso, o satanismo teísta continuou existindo, com grupos que veem Satanás como uma entidade espiritual real.

Satanismo

O satanismo pode ser dividido em duas vertentes principais: o satanismo LaVeyano e o satanismo teísta.

Satanismo LaVeyano: Fundado por Anton LaVey em 1966, esse tipo de satanismo não adora Satanás como uma entidade real, mas o vê como um arquétipo de individualismo, rebeldia e autoafirmação. A filosofia enfatiza o egoísmo racional, o hedonismo e a rejeição de normas religiosas tradicionais.

Satanismo Teísta: Também chamado de satanismo espiritual, envolve a crença em Satanás como uma entidade real e divina, que pode ser adorada ou vista como um guia espiritual. Diferente do satanismo LaVeyano, esse sistema pode incluir rituais e práticas devocionais.

Regras do Satanismo

O satanismo LaVeyano segue um conjunto de regras e princípios éticos conhecidos como "Os Nove Mandamentos Satânicos" e "As Onze Regras Satânicas da Terra", formulados por Anton LaVey.

Os Nove Mandamentos Satânicos:

Satanás representa indulgência, em vez de abstinência!
Satanás representa existência vital, em vez de fantasias espirituais!
Satanás representa sabedoria imaculada, em vez de autoilusão hipócrita!
Satanás representa bondade para aqueles que a merecem, em vez de amor desperdiçado com ingratos!
Satanás representa vingança, em vez de virar a outra face!
Satanás representa responsabilidade para com os responsáveis, em vez de se preocupar com vampiros psíquicos!
Satanás representa o homem como apenas outro animal, algumas vezes melhor, outras vezes pior do que aqueles que andam sobre quatro patas!
Satanás representa todos os chamados pecados, pois eles levam à gratificação física, mental ou emocional!
Satanás tem sido o melhor amigo que a igreja já teve, pois a manteve no negócio por todos esses anos!
As Onze Regras Satânicas da Terra:
Não dê opiniões ou conselhos a menos que seja solicitado.
Não conte seus problemas aos outros a menos que tenha certeza de que eles querem ouvi-los.
Quando estiver no recinto de outra pessoa, mostre respeito ou então não vá lá.
Se um convidado em sua casa o irritar, trate-o cruelmente e sem piedade.
Não faça avanços sexuais a menos que seja recebido com um sinal de interesse.
Não tome aquilo que não lhe pertence, a menos que seja um fardo para a outra pessoa e ela peça para ser aliviada.
Reconheça o poder da magia se você a usou com sucesso para obter algo desejado. Se negar o poder da magia depois de usá-la, perderá tudo o que conquistou.
Não reclame sobre algo ao qual não precisa se submeter.
Não cause mal a crianças.
Não mate animais não humanos, a menos que seja atacado ou precise de comida.
Quando estiver em território aberto, não incomode ninguém. Se alguém incomodar você, peça para parar. Se não parar, destrua-o.

Luciferianismo

O luciferianismo se diferencia do satanismo ao focar na figura de Lúcifer como um símbolo do conhecimento, iluminação e busca pela verdade. Para os luciferianos, Lúcifer representa a rebeldia contra a ignorância e a valorização do intelecto e da sabedoria. Algumas vertentes podem vê-lo como uma entidade espiritual real, enquanto outras o interpretam apenas como um princípio filosófico.
Os luciferianos enfatizam o autodesenvolvimento, o fortalecimento da vontade e a busca pelo conhecimento oculto. Suas práticas podem incluir estudos esotéricos, rituais simbólicos e meditação, visando à ascensão espiritual e à autoiluminação.

O luciferianismo é um sistema de crenças que gira em torno da figura de Lúcifer, interpretado não como uma entidade maligna, mas como um símbolo de iluminação, conhecimento e rebeldia contra a ignorância e a opressão. Suas origens são complexas e estão ligadas a diversas tradições filosóficas, religiosas e ocultistas ao longo da história.

Origens e Influências

1. Mitologia e Religião Cristã
o O nome "Lúcifer" vem do latim lux ferre, que significa "portador da luz". Originalmente, era usado para se referir ao planeta Vênus e ao rei da Babilônia em Isaías 14:12. Com o tempo, foi associado à queda de Satanás na tradição cristã, especialmente através da obra Paraíso Perdido de John Milton (1667).

2. Gnosticismo
o Algumas correntes gnósticas viam a serpente do Éden, que deu o conhecimento a Adão e Eva, como um libertador. Esse conceito influenciou o pensamento luciferiano, que enxerga Lúcifer como um arquétipo do buscador do conhecimento.

3. Ocultismo e Tradições Esotéricas
o No século XIX, a figura de Lúcifer começou a ser reinterpretada em círculos ocultistas. Autores como Eliphas Lévi e Helena Blavatsky (fundadora da Teosofia) falavam de Lúcifer como um símbolo de iluminação espiritual e progresso humano.
o A Ordem Hermética da Aurora Dourada (Golden Dawn) e Aleister Crowley também usaram simbolismos luciferianos em seus estudos esotéricos.

4. Luciferianismo Moderno
o No século XX e XXI, o luciferianismo tornou-se um caminho filosófico e espiritual independente. Figuras como Michael W. Ford ajudaram a moldar essa visão, separando-a do satanismo tradicional e enfatizando o autodesenvolvimento, a liberdade e o empoderamento individual.
Principais Características do Luciferianismo

Autossuficiência e Iluminação – Busca pelo conhecimento e desenvolvimento pessoal acima de dogmas religiosos.
Rebeldia Construtiva – Questionamento da autoridade imposta e busca por liberdade de pensamento.
Simbologia Ocultista – Uso de símbolos esotéricos e mitológicos para representar transformação e evolução espiritual.

O luciferianismo possui uma filosofia espiritual e esotérica baseada na busca pelo conhecimento, liberdade e autossuperação. No entanto, muitos luciferianos seguem princípios fundamentais que orientam suas práticas e visão de mundo. Abaixo estão algumas diretrizes comuns dentro do pensamento luciferiano:

Princípios Fundamentais do Luciferianismo

1. Busca pelo Conhecimento e Iluminação
o O luciferiano valoriza a sabedoria, a curiosidade e o aprendizado contínuo. A ignorância é vista como um obstáculo ao crescimento pessoal e espiritual.

2. Autodeterminação e Liberdade Pessoal
o Cada indivíduo é responsável pelo próprio destino e deve buscar a liberdade mental, emocional e espiritual, rejeitando submissão cega a dogmas ou autoridades externas.

3. Responsabilidade Pessoal
o O luciferiano assume total responsabilidade por suas ações e decisões, entendendo que cada escolha tem consequências.

4. Desenvolvimento do Poder Pessoal
o O autoconhecimento, a disciplina e o fortalecimento da própria vontade são essenciais para alcançar o verdadeiro potencial.

5. Rebeldia Construtiva
o O questionamento das normas estabelecidas é incentivado, mas deve ser feito com sabedoria, buscando evolução e não destruição sem propósito.

6. Respeito pela Natureza e o Equilíbrio do Universo
o Muitos luciferianos enxergam a natureza e o cosmos como forças a serem compreendidas e respeitadas, mantendo harmonia com elas.

7. Transformação e Evolução Constante
o O crescimento espiritual e intelectual é contínuo; estagnar é negar o próprio potencial.

Regras Práticas para um Luciferiano

Autores contemporâneos do luciferianismo, como Michael W. Ford, sugerem alguns princípios para a conduta luciferiana, como:

Seja um Criador, não apenas um seguidor.
Desenvolva a sua própria moralidade, sem imposições externas.
Use a sabedoria e o poder com responsabilidade.
Não seja escravo de dogmas ou crenças sem questioná-los.
Valorize a força de vontade e a autodisciplina.

O luciferianismo pode se sobrepor a algumas vertentes do satanismo e do ocultismo, mas se diferencia por enfatizar o crescimento intelectual e espiritual como meios de se tornar um ser superior. No geral, suas "leis" são mais como princípios que orientam o indivíduo a se tornar uma versão mais poderosa, livre e iluminada de si mesmo.

Ocultismo

O ocultismo é um termo amplo que engloba diversas práticas e sistemas de crenças relacionadas ao estudo do desconhecido e do esotérico. Ele não se limita ao satanismo ou ao luciferianismo, abrangendo também alquimia, hermetismo, cabala, magia ritualística, astrologia, entre outros.

O ocultismo pode ser praticado por seguidores de diferentes tradições espirituais, independentemente de sua crença em divindades específicas. Seu foco está no conhecimento místico e na manipulação de energias para alcançar objetivos espirituais ou terrenos.

Principais Diferenças

1. Satanismo – Enfatiza a liberdade pessoal, a autonomia e, no caso do satanismo LaVeyano, um materialismo pragmático. O satanismo teísta adora Satanás como uma entidade real.

2. Luciferianismo – Centraliza-se na busca pela iluminação e pelo conhecimento, vendo Lúcifer como um símbolo ou entidade que guia o crescimento espiritual.

3. Ocultismo – Abrange um conjunto amplo de práticas e tradições esotéricas que podem ser aplicadas em diversos sistemas de crenças, incluindo satanismo e luciferianismo.

Embora esses sistemas possam se sobrepor em alguns aspectos, suas filosofias e objetivos são distintos. Quem deseja explorar essas tradições deve estudar suas origens e princípios para entender qual caminho ressoa melhor com suas crenças e aspirações espirituais.

O ocultismo não tem leis e regras universais fixas, pois envolve diversas tradições, crenças e práticas esotéricas, como hermetismo, magia cerimonial, alquimia, astrologia, cabala, wicca, entre outras. No entanto, existem alguns princípios e diretrizes comuns seguidos por ocultistas ao longo da história. 

Aqui estão algumas das mais conhecidas:

1. Princípios Herméticos (O Caibalion)

Baseado nos ensinamentos de Hermes Trismegisto, o hermetismo apresenta sete leis fundamentais do universo:
Lei do Mentalismo – Tudo é mente; o universo é mental.
Lei da Correspondência – "O que está em cima é como o que está embaixo."
Lei da Vibração – Nada está parado; tudo se move e vibra.
Lei da Polaridade – Tudo tem seu oposto.
Lei do Ritmo – Tudo flui e reflui, como um pêndulo.
Lei de Causa e Efeito – Toda ação tem uma reação.
Lei do Gênero – O masculino e o feminino estão presentes em tudo.

2. Lei do Retorno (Lei Tríplice)

Comum na Wicca e em tradições de magia popular, diz que tudo o que você faz retorna para você três vezes mais forte — seja positivo ou negativo.

3. Regra de Ouro da Magia

“Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei” – essa frase de Aleister Crowley, do Thelema, enfatiza a liberdade individual, mas também a responsabilidade pelo próprio destino. Complementa-se com “Amor é a lei, amor sob vontade”.

4. Código de Sigilo e Silêncio

Muitos ocultistas seguem o princípio de manter suas práticas em segredo, pois acreditam que a energia se dissipa quando exposta a julgamentos externos.

5. A Lei do Consentimento

Não se deve interferir na vida de outra pessoa sem sua permissão, especialmente ao realizar rituais ou feitiços que afetem terceiros.

6. Princípios Éticos da Magia

Conhece-te a ti mesmo.
Responsabiliza-te pelos teus atos.
O conhecimento vem com o esforço.
Tudo tem consequências.

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