Introdução a espititualidade bantu indígena: 1° tópico- Kimbanda. Por: Authara de Asa Negra.
Primeira aula de uma série que se propõe a imersão magística e étno-cultural ao maior berço e raiz de cultura afro brasileira, o antigo Reino do Kongo, habitado pelos povos etno linguísticos bantu.
Os bantu compõe etnias diversas habitantes da África subsaariana nas florestas equatoriais e área costeira. Apesar de ignorados por boa parte inclusive de estudiosos africanistas que os julgavam um povo de organização social e espititual inferior em comparação aos Fon e aos Yorubá que viviam em estruturas de cidade estado.
Os bantu nutrem uma complexa filosofia e relação magíca com o mundo que por muitas vezes foi e ainda é subestimada.
No paradigma bantu Bakongo, a relação com o mundo se da essencialmente por uma base e dois ramos. A primeira delas é a alquimia, seus ramos são a ancestralidade e as forças brutas da natureza.
A alquimia bantu chamda "Mnbanda" foi criada pelos seus ancestrais humanos, voltadas a fazer curas, venenos, bençãos, assentamentos para a morada de seus mortos feiticeiros e familiares comuns numa base de feitiçaria com espíritos ancestrais. Aquele que dominava esta arte era chamado de kimbanda.
Já a força da natureza bruta foi divnizada, a natureza prestava-se sim a manipulação alquimica, porém também pilares de DEVOÇÃO e nao apenas de manipulação, troca, proximidade,amizade e barganha como com os mortos. Essa base de adorar a natureza ao mesmo tempo que a manipula será citado em outra aula sobre o candomblé congo e angola.
Sendo um dos primeiros grupos africanos a serem traficados para o Brasil, e os grupos traficados por maior quantidade de gente e de tempo, as primeiras raízes africanas no Brasil fincadas foram as bantu.
Num país de proporções continentais com mais de 5 mil indígenas de diversas etnias habitando naquela época, as manifestações espirituais e culturais que surgiram foram variadas.
Entre as centenas de manifestações bantu, uma delas ganha destaque pelo seu segredo e visceralidade. As tradições de feitiçaria e bruxaria tradicional quilombola, a Kimbanda. Sim enquanto em África kimbanda se tratava de um título ao feiticeiro, no Brasil a palavra irá denotar a própria prática de magia com os Nganga(ancestrais feiticeiros da noite).
Apesar da origem bantu, a Kimbanda brasileira surge nos quilombos, formados por negros,brancos pobres, padres excomungados, indígenas, mestiços. O que da origem a um estilo, uma semiótica, ciência e reeinterpretação bantu, de como manipular essa ancestralidade amalgamada e marginal que ali se encontrava.
Assim, as mais variáveis famílias de feiticaria kimbandeira e mais recentemente as varidas nações de kimbanda(com excessão da quimbanda do sul que tem outras origens e bases tem uma estrutura RELIGIOSA e não de bruxaria), são em essência, famílias guardiãs do segredo de feitiçaria proprio para a interação e medicina com os ancestrais marginais da noite.
A marginalidade é uma insígnea essencial para os espíritos da kimbanda. Uma vez que a mesma é uma continuidade da feiticaria quilombola. Na kimbanda habitam tanto os primeiros marginais da sociedade(quilombolas,indígenas,mestiços e padres excomungados) até futuramente a adesão de uma marginalidade moderna(malandragem).
São aqueles que viveram a sombra e no enfrentamento as leis da inquisição,catequese, lei da vadiagem, separações raciais,sociais e religiosas, e viveram na contra mão destas estruturas morais.
Sendo assim, a primeira definição base para a kimbanda no Brasil(fora a quimbanda sulista) é: A kimbanda é uma tradição de bruxaria tradicional quilombola bantu indígena, com ancestrais marginalizados da colonização. Sendo assim, kimbanda, não é uma religião, mas um ofício.
Curiosidades e menções honrosas: A cultura bantu é o berço de cultura negra no Brasil, por mais que a figura imagética dos orixás tenha tomado conta após Pierre Verger, Carybé,Caymin e Jorge Amado divulgarem o ketu baiano em suas obras, a base cultural central do Brasil é bantu, os bantu deixaram feitiçaria e religião, mas também deixaram cultura, sendo assim, deixo a menção as manifestações CULTURAIS(não religiosas) de legado bantu e suas derivações- Samba(que deriva em pagode e boça), influência no repente, forró e baião. Jongo, congada, folia de reis, carnaval de rua, samba de roda, samba de coco(mistura com povos indígenas) e de maneira mais moderna, as batidadas, ritmos e tambores tradiconais bantu, resultaram em bases para culturas urbanas do hip hop, funk e charme, também se manifestando no afro beat e em outros estilos do rap.
Palavras em português de origem bantu- Moleque, bunda,maconha, mocambo,senzala,quilombo, marimba, dengo, quitanda,molambo,samba,favela.
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